domingo, junho 21, 2020

Os Demônios



"... até hoje as profundezas do coração feminino ainda continuam insondáveis". [p. 26]

"... os primeiros êxtases e os primeiros tormentos." [p. 35]

"... noites quase atenienses." [p. 36]

"... molhadas pelas lágrimas da separação." [p. 36]

"Doravante os senhores devem tomar como regra que as botas, em todo caso, são melhores do que Púchkin, uma vez que pode se passar sem Púchkin, mas de maneira nenhuma sem botas; consequentemente, Púchkin é um luxo e um absurdo". [p. 33]

"O que as nossas cabeças mais fazem é nos impedir de pensar". [p. 44]

"Se queres vencer o mundo inteiro, vence a ti mesmo". [p. 128]

"Há fisionomias que sempre que aparecem é como se trouxessem consigo algo de novo que você ainda não notara nelas, ainda que as tenha encontrado cem vezes antes". [p. 186]

"Isto é como na religião: quanto pior vive um homem ou quanto mais desamparado ou mais pobre é todo um povo, mais obstinadamente ele sonha com a recompensa no paraíso, e se aí ainda há cem mil sacerdotes insistindo, insuflando o sonho e especulando com ele, então...". [p. 194]

"A verdade verdadeira é sempre inverossímil, você sabia? Para tornar a verdade mais verossímil, precisamos necessariamente adicionar-lhe a mentira". [p. 217]

"- Você passou a acreditar na futura vida eterna?
  - Não, não na futura vida eterna, mas na vida eterna aqui". [p.237]

"Vê-se, é verdade,  que toda a segunda metade da vida de um homem é constituída apenas dos hábitos acumulados na primeira metade". [p. 264]

"... os mais elevados talentos artísticos podem ser os mais terríveis canalhas e que uma coisa não impede a outra". [p. 317]

"De um modo geral, em toda desgraça do próximo há sempre algo que alegra o olho estranho - não importa quem seja." [p. 321]

"Sou da velha geração e confesso que ainda sou favorável à honra, mas isso apenas por hábito. Apenas gosto das velhas formas, suponhamos que por pusilanimidade; de algum jeito precisamos viver a vida até o fim." [p. 360]

"Bem, suponhamos que as pessoas inteligentes não acreditem, só que isso é porque são inteligentes, mas tu, uma bolha, o que é que entendes de Deus? Ora, foi um estudante que te industriou, mas se tivesse te ensinado a acender lamparinas diante de ícones tu acenderias." [p. 386]

"Deus existe ou não? Em que apuros isso me deixava! De manhã, é claro, eu me divertia, e novamente era como se a fé desaparecesse; aliás, de um modo geral observei que de dia sempre se perde um pouco de fé." [p. 386]

"Os talentos superiores sempre tomaram o poder e foram déspotas.. Os talentos superiores não podem deixar de ser déspotas, e sempre trouxeram mais depravação que utilidade; eles serão expulsos ou executados. A um Cícero cora-se a língua, a um Copérnico furam-se os olhos, um Shakespeare mata-se a pedradas - eis o chigaliovismo!" [p. 407]

"... e como em toda parte se encontram mais monges do que bom senso... " [p. 441]

"- Pois agora vai delatar os socialistas!
  - É impossível, Piotr Stiepánovitch. O socialismo é uma ideia grandiosa demais para que Stiepan Trofímovitch não tenha consciência disso - interveio com energia Yúlia.
  - A ideia é grandiosa, mas os que propagam nem sempre são gigantes... - concluiu Stiepan". [p. 443]

"Toda mulher, ao se casar, vai juntando coisas do passado do marido, e então..." [p. 516]

"- No nosso tempo pecaminoso, a fé no Supremo é o único refúgio da espécie humana em todos os sofrimentos e provações da vida, assim como a fé na felicidade eterna prometida aos justos...". [Disse padre no leito de morte de Stiepan Trofímovitch, p.640]

"... oh, quem quer que eu tenha sido, o que quer que eu tenha feito! Para o homem, muito mais necessário do que a própria felicidade é saber e, a cada instante, crer que em algum lugar existe uma felicidade absoluta e serena, para todos e para tudo...". [ Stiepan. p. 641]

"Virguinski [...] estava acamado e com febre quando foi preso. Dizem que ficou quase contente: "Caiu-me um peso do coração" - teria dito. Dizem que anda  dando depoimentos francos, mas até com certa dignidade e sem recuar de nenhuma de suas "esperanças luminosas", amaldiçoando ao mesmo tempo a via política (oposta ao socialismo) para a qual foi atraído de modo tão inadvertido e leviano pelo "turbilhão de circunstâncias". [p. 648]

"- Uma vez tendo pecado, todo homem já pecou contra os demais, e todo homem tem ao menos alguma culpa pelo pecado alheio. Pecado individual não existe." [Padre Thíkhon, p.682]

"- E acrescente a informação de um pensador, segundo quem sempre há algo agradável para nós na desgraça dos outros." [Idem, p. 683]

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