sábado, abril 19, 2025

CONTOS DE TCHÉKHOV


"Não dormirmos à noite significa termos a cada instante a consciência da nossa anormalidade, por isso espero com impaciência pela manhã e pelo resto do dia, em que tenho do direito de não dormir." [p. 10]

"... tem uma veneração escrava pelas autoridades e não sente necessidade de pensar com independência." [p. 17]

"- Por que não se trata? Como é possível? Quem a si mesmo se protege, Deus protege." [p. 51]

"A indiferença é a paralisia da alma, a morte prematura." [p. 70]

"As pessoas que lidam com o sofrimento alheio por força de circunstâncias  oficiais, de serviço, como juízes, polícias e médicos, por exemplo, com o decorrer do tempo e por força do hábito ficam a tal ponto empedernidas que, nem que queiram, não podem ter outra atitude com seus clientes a não se a formal; neste aspecto não são diferentes do mujique que mata os carneiros e as vitelas na traseira da casa e nem repara o sangue." [p. 93]

"Com o correr do tempo, tal como o esterco se transforma em húmus negro, também eles se transformam nalguma coisa razoável. Não existe na terra coisa boa, que, na sua origem primordial, não tenha sido porcaria." [p. 100]

"A capacidade de pensar com liberdade e profundidade, na busca de conscientizar a vida, e o desprezo total pela estúpida vaidade do mundo são dois bens supremos; nunco o ser humano encontrou outros maiores." [p. 115-116]

"Não bebera ainda as lágrimas da taça da vida..." [p. 231]

sexta-feira, abril 11, 2025

A guerra não tem rosto de mulher


"Somos capazes de sofrer e contar o sofrimento. O sofrimento justifica nossa vida dura e sem graça. Para nós, a dor é uma arte." [p. 14]

"... e você acha que a verdade é aquilo que está na vida. O que está nas ruas. Sob os pés. Para você, ela é tão baixa. Tão terrena. Não, a verdade é aquilo com que sonhamos. É como queremos ser!" [p. 34]

"As meninas de 1941... A primeira coisa que quero perguntar: por que são assim? Por que são tantas? Como ousaram pegar em armas em igualdade com os homens? Atirar, colocar minas, explodir, bombardear - matar?" [p. 62]

"De madrugada. Montávamos guarda e captávamos cada ruído. Como linces. Estávamos atentos a cada sussurro... É como se diz: na guerra você é metade humano, metade animal... É assim. De outra forma não se sobrevive. Se você for humano, não sai vivo. Queima a cachola. Na guerra é preciso lembrar de algo a respeito de si. Algo... Lembrar de algo dos tempos em que o ser humano ainda não era completamente humano..." [p. 89]

"Me tornei alguém melhor na guerra... Sem dúvida! Me tornei uma pessoa melhor lá porque havia muito sofrimento. Vi muito sofrimento, e eu mesmo sofri muito. Lá, logo se descarta o que é secundário na vida, o que á supérfluo. Você entende isso..." [p. 141]

"Vou contar o que ficou na memória dos últimos dias de guerra. Estávamos viajando e, de repente, escutamos uma música que vinha não se sabe de onde. Um violino... Para mim, a guerra acabou nesse dia... Era um milagre: de repente uma música. Outros sons... Eu sentia que estava acordando... Todos nós achávamos que, depois da guerra, depois daquele mar de lágrimas, a vida serria maravilhosa. Linda. Depois da Vitória... Depois daquele dia... Achávamos que todas as pessoas seriam boas, que iriam simplesmente amar umas às outras. Todos se tornariam irmãos e irmãs. Como esperávamos por esse dia..." [p. 209]