"Arthur Gobineau, o pai do racismo. Foi esse sujeito aqui quem aproximou o conceito de raça do discurso político. Não esqueçam dele. Foi Arthur Gobineau quem afirmou que as raças protagonizaram as lutas pelo poder e que, portanto, havia raças inferiores e raças superiores." [p. 33]
"Você sempre dizia que os negros tinham que lutar, pois o mundo branco havia nos tirado quase tudo e que pensar era o que nos restava. É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa o nosso corpo e determina o nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos aue nos mantêm vivos." [p. 61]
"Percebi que, na ânsia de levar conforto, as pessoas acabavam dizendo coisas descabidas ou exageradas. Lembro que você disse, certa vez, que a morte pode ser inesperada, mas as palavras não. Que você preferia que as pessoas não dissessem nada ou que apenas usassem expressões como "meus pêsames" ou "sinto muito", seguidas de um abraço. Pareciam palavras vazias. Simples clichês. Mas a morte é um clichê e por isso os lugares-comuns são permitidos, você me disse." [178/179]

Nenhum comentário:
Postar um comentário