sexta-feira, dezembro 29, 2023

Leituras & Releituras 2023





01. ANA KARÊNINA -  Tomo 1 - Tolstói
02. UM GOSTO E SEIS VINTÉNS - W. S. Maughan
03. LUCÍOLA - José de Alencar
04. A QUEDA - Albert Camus
05. ANA KARÊMINA - Tomo II - Tolstói
06. A MORTE DE IVAN ILITCH - Tolstóí
07. UMA CONFISSÃO - Tolstói
08. UM RIO IMITA O RENO - Viana Moog
09. CHÁ DA TARDE - Anchieta Mendes
10. VOSSA INSOLENCIA - Olavo Bilac
11. FÁBULAS - La Fontaine
12. O AVESSO E O DIREITO - Albert Camus

13. DE QUANTA TERRA PRECISA UM HOMEN? - Tolstói
14. O ASSASSINATO DE ROGER ACROYD - Agatha Christie
15. LULA Vol 1 - Fernando Morais
16. LEVANTADO DO CHÃO - José Saramago
17. O IDIOTA - Dostoiévski

O Idiota

 

"...e por fim perguntou com aquele risinho indelicado no qual às vezes se manifesta com tanta sem-cerimônia e desdém a satisfação humana diante do fracasso do próximo..." [p. 22]

[Príncipe Mítchkin, sobre a pena de morte] "Matar por matar é um castigo é um castigo desproporcionalmente maior que o próprio crime. A morte por sentença é desproporcionalmente é mais terrível que a morte cometida por bandidos. Aquele que os bandidos matam, que é esfaqueado à noite, em um bosque, ou de um jeito qualquer, ainda espera sem falta que se salvará, até o último instante. [...] Mas, no caso de que estou falando, essa última esperança, com a qual é dez vezes mais fácil morrer, é abolida com certeza; aqui existe a sentença, e no fato de que, com certeza, não se vai fugir a ela, reside rodo o terrível suplício, e mais forte do que esse suplício não existe nada no mundo." [p. 43]

"... do mesmo jeito que a mãe sente alegria quando recebe o primeiro sorriso do seu recém-nascido, Deus sente essa mesma alegria quando vê do céu um pecador se posicionando de todo coração para orar diante Dele." [p. 258]

"Não existe nada melhor para corrigir-se que recordar o passado com arrependimento." [p. 283]

!!!

"Enlevo de mocidade imprevidente." [p. 35]

sábado, outubro 28, 2023

Levantado do Chão


'Levantado do Chão' consta como o segundo romance no volume 1 das obras completas de José Saramago lançada em seis volumes pela Companhia das Letras em 2014. Neste volume de 1269 pp. estão os romances: Memorial do Convento, Levantado do Chão, Manual de Pintura e Caligrafia e As Pequenas Memórias. Saramago dedica o livro à memória de Germano Vidigal e José Adelino dos Santos, assassinados em Portugal por suas lutas contra o latifúndio.

"Eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?" [p. 419, Almeida Garret] 

" ... todos os céus têm os seus lucíferes e os todos os paraísos as suas tentações." [p. 443]

" ... Homem, eis-me grávida, pejada, prenhe, vou ter um filho, vais ser pai, não tive sinais, Não faz mal, onde não comem sete, não comem oito." [ p. 446]

"A grande e decisiva arma é a ignorância. É bom que eles [os trabalhadores rurais] nada saibam, nem ler, nem escrever, nem contar, nem pensar, que considerem e aceitem que o mundo não pode ser mudado, que este mundo é o único possível, tal como está, que só depois de morrer haverá paraíso, e que o padre Agamedes que explique isto melhor, e que só o trabalho dá dignidade e dinheiro." [p. 491]

"O vosso reino não é deste mundo padecei para ganhardes o céu, quanto mais lágrimas chorardes neste vale das ditas, mais perto do senhor estareis quando tiverdes abandonado o mundo..." [p. 529] 

"Vestiu-se e entrou na cozinha, que é a casa de fora, chega-se ao lume como se ainda quisesse conservar o calor da cama, nem parece que está habituado a grande frios, diz, Bons dias, as filhas vão beijar-lhe a mão, é uma alegria ver a família reunida, todos desempregados, em alguma coisa se hão de entreter durante todo o dia..." [p. 635]

"Faustina, que está a ensurdecer, não ouviu o marido, mas sentiu-o, foi talvez a vibração sísmica da terra pisada ou a deslocação de ar que só o corpo dele pode causar..." [p. 635]  

"... Sigismundo Canastro conhece bem o sítio, João Mau Tempo não tanto, mas um homem mesmo sem boca vai a Roma. E dali para a Terra Fria seguirão juntos, por caminhos que Deus nunca andou e o Diabo só obrigado." [p. 636]  

"Estamos no casamento da minha irmã, senhor padre Agamedes, não é hora de falar de greves nem de merecimentos, e a voz foi tão serena que nem parecia de zanga, mas era, ficaram todos muito calados à espera do que ia acontecer, e o padre disse que bebia a saúde dos noivos e depois sentou-se. Não foi nada boa ideia, senhor padre Agamedes, disse mais tarde Norberto, que lembrança a sua, ir recordar essas coisas, é o mesmo que falar de corda em casa de enforcado, Tem razão, respondeu padre Agamedes, não sei que tentação me deu, mostrar-lhes que se não fôssemos nós, igreja e latifúndio, duas pessoas da santíssima trindade, sendo a terceira o Estado, alva pomba por onde is, se não fôssemos nós, como sustentariam eles a alma e o corpo, e a quem dariam ou para quem tomaríamos os votos nas eleições, mas confesso que errei, minha culpa, minha máxima culpa, por isso não fiquei lá muito mais tempo, dei como pretextos os meus deveres pastorais e saí, é certo que um pouco tonto, embora não tenha bebido muito daquela zurrapa, a acidez que aquilo fez no estômago, vinho bom é o da sua adega, senhor Norberto." [p. 654]

"A mim me vieram chamar para servir a pátria, dizem eles, mas servir a pátria não ser o que seja, se a pátria é minha mãe e é meu pai, dizem também, de meus verdadeiros pais sei eu, e todos sabem dos seus, que tiraram à boca para não faltar à nossa, e então a pátria deverá tirar à sua própria boca para não faltar à minha, e se eu tiver de comer cardos, coma-os a pátria comigo, ou então uns são filhos da pátria e os outros filhos da puta." [p. 656] 

"Quanto as dores de Gracinda Mau-Tempo, não foram elas nem mais nem menos do que as comuns feminis desde o bem aventurado pecado de Eva, bem aventurado, dizemos, pelo gosto anterior, parecer de que discorda, por dever de ofício e talvez convicção, este  padre Agamedes, mantenedor do mais antigo castigo da história humana, consoante Jeová determinou, Parirás com dor, e assim tem acontecido todos os dias a todas as mulheres, mesmo àquelas que do dito Jeová não conhecem nem o nome. Enfim, mais duradoiros são os rancores dos deuses do que dos homens." [p. 729]   

"Tendo nascido para trabalhar, seria uma contradição abusarem do descanso. A melhor máquina é sempre a mais capaz de trabalho contínuo, lubrificada que baste para não emperrar, alimentada sem excesso, e se possível no limite econômico da simples manutenção, mas sobretudo de substituição fácil, se avariada está, velha outra, os depósito desta sucata chamam-se cemitérios..." [p. 766] 

"... a fome é uma boa razão para roubo, quem rouba por precisão tem cem anos de perdão, bem sei que o ditado não é assim, mas devia ser..." [p. 775]

"Os patrões são os donos da terra e de quem trabalha nela, Somos ainda ainda menos do que os cães do prédio e dos prédios, esses comem todos os dias..." [p.803] 

quinta-feira, setembro 14, 2023

Vossa insolência


"O homem nasce, vive um momento, desaparece; o meio permanece, subsiste, melhora. Para que há de a gente querer opor-se às leis fatais da vida. O fruto maduro apodrece, descompõe-se, cai da árvore, para a não enfear com a sua presença... Morramos sem queixa, desapareçamos sem lamentações inúteis e tenhamos o pudor da nossa velhice." [p.51]

"A simplicidade é a virtude máxima do escritor e do artista." [p. 107]

"Enquanto houver mundos, haverá Religiões: a humanidade há de ser sempre este mesmo rebanho sensual e covarde, governado ao mesmo tempo pelo gosto da vida e pelo medo da morte, pelo amor do pecado e pelo terror do castigo..." [p. 132\133]

"Quando os pobres têm alegria, tudo vai bem. Já a sua resignação é uma segurança de tranquilidade geral, porque, como escrevia o grande Lamennais, "a sociedade repousa completamente sobre a resignação dos pobres."" [p. 235]

"Se esta história vos aborrece nós vamos recomeçá-la." [p.282]

terça-feira, agosto 15, 2023

Ana Karênina

 Tomo I

"Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira." [p. 11]

"Os cavalos fogosos conhecem-se pela marca e as pessoas apaixonadas pelos olhos." [p. 42]

"Toda a diversidade, todo o encanto, toda a beleza da vida se compõe de luzes e de sombras." [p. 47/48] 

"A sociedade está organizada de tal maneira que quanto mais os operários trabalharem tanto mais amealharão os comerciantes e os donos da terra, continuando aqueles a ser bestas de carga. É preciso modificar a ordem das coisas." [p. 89]

"Felizmente estava em sua casa e um homem em sua casa sente-se sempre mais forte." [p. 165]         

"Deus dá a cruz e dá também as forças para carregá-la." [p. 217] 

"Podemos amar aqueles que nos odeiam, mas não aqueles a quem odiamos." [p. 368]


Tomo II

"Sentia o alvoroço de um cão a quem ensinaram a saltar através de um arco e que ao compreender o que querem dele, ladra, agita a calda e salta entusiasmado para cima das mesas e do parapeito das janelas." [p. 12]

"... ao principiar a sua vida de família, via-se obrigado a reconhecer a cada instante que era muito diferente do que sempre imaginara. Exatamente como aquele que depois de admirar o barquinho que singra, sereno e ligeiro, pelas águas de um lago, verifica, ao pôr os pés a bordo que não basta ir quieto lá dentro, mas que é preciso estar atento a todo momento ao rumo a seguir e à água que lhe corre por baixo, e que tem de remar e que lhe doem as mãos não acostumadas aos remos, outro tanto ocorria com o seu casamento. Em suma: era bem mais fácil olhar, pois, o barco que fazê-lo singrar." [p. 45]

"Ele dá-nos a cruz, mas também as forças para carregarmos com ela." [p. 74]

"... e depois precisas de aprender que o que se aprecia não é a recompensa, mas o trabalho. Se não procurares senão a recompensa, o trabalho vai parecer-te penoso; mas se apreciares o trabalho por si mesmo, nele própria terás a tua recompensa." [Alieksiei Alieksándrovitch, p. 83] 

"As decisões na família ou se tomam no caso de um perfeito acordo entre os cônjuges ou então quando existe uma separação completa entre eles. Se as relações entre estes flutuam entre dois extremos nada é possível decidir." [p. 277]

""Em que pensava eu quando interrompi os meus pensamentos? Em que não posso descobrir uma situação onde a minha vida não seja um tormento, em que todos fomos criados para sofrer e que o sabemos, embora tudo o façamos para o esquecer, iludindo-nos de todas as maneiras. Mas, quando a verdade nos entra pelos olhos a dentro, que havemos de fazer?"" [Ana Karênina, p 301]

quarta-feira, agosto 02, 2023

A Queda

 



"Poder ser senhor do seu próprio estado de espírito é privilégio dos grandes animais." [p. 05]

"Vou fazer-lhe uma confidência - sinto atração por essas criaturas graníticas. Quando se pensou muito sobre o homem, por trabalho ou vocação, as vezes sente-se nostalgia dos primatas. Eles não têm segundas intenções." [p. 06]

"O estilo, assim como a popelina, dissimula muitas fazes o eczema." [p. 07] 

"Quando vejo uma cara nova, alguém dentro de mim dá o alarme. "Devagar. Perigo!" Mesmo quando a simpatia é muito forte, fico prevenido." [p. 10]

"Felizmente, existe a genebra, a única  claridade nestas trevas." [p. 11]

"Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos os nossos mestres, que já não falam mais, a boca cheia de terra! A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez tivesse esperado de nós durante a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles já não há obrigações. Deixam-nos livres, podemos dispor do nosso tempo, encaixar a homenagem entre o coquetel e uma doce amante: em resumo, nas horas vagas. Se nos impusessem algo, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, é o morto recente que nós amamos nos nossos amigos, o morto doloso, a nossa emoção, enfim, nós mesmos!" [p. 24]

"É preciso que alguém tenha a última palavra. Senão, a toda razão pode opor-se uma outra: nunca mais acabaria." [p. 33] 

"Desesperançado do amor e da castidade, compreendi enfim, que restava a libertinagem, que substitui muito bem o amor, faz calar os risos, restabelecer o silêncio e, sobretudo, confere a imortalidade." [p.71]

sexta-feira, maio 12, 2023

Lucíola



"Essas borboletas são como as outras; quando lhes dão asas, voam, e é bem difícil então apanhá-las. O verdadeiro, acredita-me, é deixá-las arrastarem-se pelo chão no estado de larvas." [p. 26]

"No livro da vida, não se volta, quando se quer, a página já lida, para melhor entendê-la; nem pode-se fazer a pausa necessária à reflexão. Os acontecimentos nos tomam e nos arrebatam às vezes tão rapidamente que nem deixam volver um olhar ao caminho percorrido." [p. 36]

"Fazer nascer um desejo, nutri-lo, desenvolvê-lo, engrandecê-lo, irritá-lo, afinal satisfazê-lo, diz Balzac, é um poema completo." [p. 103]

"Dizem que outrora ornavam-se as vítimas para o sacrifício." [p. 122]

"Não conheço mais estúpido animal do que seja o bípede implume e social, que se chama homem civilizado" [p. 129]