domingo, agosto 11, 2019

Paulo Leminski


Das coisas 
que fiz a metro
todos saberão
quantos quilômetros
são
Aqueles em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos não? [p. 33]

entre a dívida externa
e dúvida interna
meu coração
comercial
      alterna [p. 39]

   isso de querer 
ser exatamente aquilo
   que a gente é
ainda vai 
   nos levar além [p. 141]

   ano novo
anos buscando
   um ânimo novo [p. 158]

Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
    cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
    lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
    sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.

    Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
    do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
     Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
     Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada. [P. 177]

   Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
   Este silêncio, acredito,
são suas obras completas. [p. 190]

   vazio agudo

ando meio

   cheio de tudo [p. 197]

Nenhum comentário:

Postar um comentário