sábado, março 29, 2025

Albert Camus, uma vida


"Uma personalidade literária tem inimigos verdadeiros durante a vida e quase o mesmo número de falsos amigos depois da morte." [p. 13] 

"A ideia de que todo escritor escreve forçosamente sobre si  mesmo e se descreve em seus livros é uma das puerilidades que o romantismo nos legou", afirmava Camus." [p. 14]

"Na casa dos Sintés-Camus, ninguém frequenta a igreja. Não se pensa no inferno, nem no paraíso, nem no purgatório. Referindo-se a alguém que morreu, a avó diz: "Bem, [...] ele não vai mais peidar."" [p. 36]

"Sofrer não é nada. O que conta é saber sofrer." Camus, estoico." [p. 66]

“Quando jovem, eu pedia aos seres mais do que podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente." Camus ao 22 anos." [p. 85] 

"Depois do sucesso dos nazistas e fascistas na Alemanha e na Itália, perplexidade. Camus tenta compreender esses êxitos: "O fascismo tem vários meios à sua disposição para manter o povo na situação em que se  encontra. Em primeiro lugar a força de certas palavras como 'PÁTRIA', 'GLÓRIA', 'HONRA', para eles sinônimo de cofre-forte." [p. 101]

"O trio (Buorgeois, Camus e Fourviéres) instala-se no terraço de um café na praça des Terreaux. Um ex aluno de Bourgeois, membro das Juventudes Patriotas de extrema direita e, para agravar o caso, filho de um delegado de polícia, cumprimenta seu professor. Camus reage violentamente. Não se pode falar com essa gente." [p. 118]

"O que é a felicidade senão um acordo entre um ser e a existência que ele leva?" [p. 193] 

"Em Tiaret, alguns professores me disseram que estavam de 'saco cheio'. "E o que vocês fazem quando estão de saco cheio?", "Enchemos a cara". [p. 197]

"O maravilhoso dessa empreitada infernal é que cada chefe manda abençoar suas bandeiras e invoca Deus solenemente antes de ir exterminar seu próximo." Camus, durante a segunda guerra mundial." [p. 216]

"Viver é o contraio de amar. [...] Amar um ser é aceitar envelhecer com ele." [p. 255]

"Há momentos em que só me sinto bem com os animais, sobretudo os cães." [p. 281]

"O que importa não é a vida eterna, é a eterna vivacidade." [p. 312]

"Em 08 de agosto de 1945, Camus é o único editorialista francês a expressar seu horror após a explosão de uma bomba atômica americana sobre Hiroxima." [p. 394]

"De Bonaparte a Pétain, todo militar parece potencialmente um aprendiz de ditador." [p 401]

"Camus tenta compreender a fé. Para Sartre, essa grande superstição não merece atenção." [p. 409]

"Um provérbio árabe diz: "Se o que você tem a dizer não é tão belo quanto o silêncio, não diga."" [p. 500]

"Camus não está sozinho no mundo. Seu ensaio é objeto de felicitações avulsas interessantes. Hannah Arendt lhe escreve: "Li 'O Homem Revoltado' de que gosto muito." O escritor polonês Witold Gombrowicz, sentindo-se enterrado vivo na Argentina depois de ler O Homem Revoltado pede a Milosz, que mande seus livors para Camus, maneira de dizer: "Creio que estamos na mesma batalha."" [p. 572]

"Sartre e Camus não são nem comunistas nem 'atlânticos'; ambos reconhecem a existência de iniquidades nos dois campos. Camus quer denunciar umas e outras, Sartre apenas umas, do lado ocidental, sem negar a realidade das outras." [p. 583]

"A tarefa dos homens de cultura e de fé não é desertar das lutas históricas nem servir ao que elas tem de cruel e desumano. É manter-se nelas, ajudar nelas o homem contra o que o oprime, favorecer sua liberdade contra as fatalidades que o cercam." [p. 640]

quinta-feira, março 27, 2025

Grande sertão: veredas

 


"Dor do corpo e dor da ideia marcam forte, tão forte como todo o amor e raiva de ódio." [p. 23]

"Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração..." [p. 26]

"Moço: toda saudade é uma espécie de velhice." [p. 36]

"Toda mãe vive de boa, mas cada uma cumpre a sua paga prenda singular, que é a dela e dela, diversa bondade. E eu nunca tinha pensado nessa ordem. Para mim, minha mãe era minha mãe, essas coisas. Agora, eu achava. A bondade especial de minha mãe tinha sido a de amor constando com a justiça, que eu menino precisava. E a de, mesmo no punir meus desmaseios, querer-bem às minhas alegrias." [p. 36-37]

"Minha competência foi comprada a todo custos, caminhou com os pés da idade. E, digo ao senhor, aquilo mesmo que a gente receia de fazer quando Deus manda, depois quando o diabo pede se perfaz." [p. 40]

"Em hora de desânimo, você lembra de sua mãe." [p. 40]

"Deus come escondido, e o diabo sai por toda a parte lambendo o o prato." [p. 47]

"... a colheita é comum, mas o capinar é sozinho. [p. 48]

"Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve." [p. 49-50]

"Sempre gosto de tornar a encontrar em paz qualquer velha conhecênça - consoante a pessoa se ri, a gente se acha de voltar aos passados, mas parece que escolhidas só as peripécias avaliáveis, as que agradáveis foram." [p. 57]

"Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data." [p. 76-77]

"Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão" [p. 117]

"Ser ruim, sempre, às vezes é custoso, carece de perversos exercícios de experiência." [p. 127]

"Contar é muito, muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas - de fazer balancê, de se remexerem dos lugares." [p. 136]

"Cansaço faz tristeza, em quem dela carece." [p. 159]

"Não confesso culpa nem retrauta, porque minha regra é: tudo que fiz, valeu por bem feito. É meu consueto." [p. 203]

"O bom da vida é para o cavalo, que vê capim e come." [p. 209]

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, afrouxa e daí aperta, sossega e depois densenquieta. O que ela quer da gente é coragem." [p. 230]

"... obedecer é mais fácil do que entender." [p. 237]

"Ser forte é parar quieto; pemanecer." [p. 303]

"Meus livros são feitos para cavalos, que vivem comendo a vida toda, desbragadamente. São livros para bois. Primeiro o boi engole, depois regurgita para mastigar devagar e só engole de vez quando tudo está ruminado. Essa comida vai servir, depois de tudo, para fecundar a terra." [João Guimarães Rosa]


quarta-feira, março 19, 2025

Bodas em Tipasa


"Não é tão fácil a gente se tornar o que se é, reencontrar sua medida profunda." [p. 14]

"Não me agrada acreditar que a morte se abre para outra vida. Para mim é uma porta fechada." [p. 22]

"Não há verdade que não traga consigo seu amargor." [p. 28]

"Viver é, por certo, um puco o contrário de exprimir. É testemunhar três vezes: no silêncio, no ardor e na imobilidade." [p. 41]

"Mas que é a felicidade senão a simples concordância entre um ser e a existência que leva?" [p. 49-50]

"Há somente duas potências no mundo: a espada e o espírito." [p. 86]

"A ideia de que todo escritor escreve forçosamente sobre si mesmo e se pinta em seus livros é uma das puerilidades a nós legada pelo romantismo." [p. 114]

"Tive sempre a impressão de viver em alto-mar, ameaçado, no âmago de uma felicidade real." [p. 141]