""A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer". Não é engraçado? Naturalmente não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente não querem pensar: foram criados para viver e não para pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas sem dúvida estará confudindo a terra com a água, e um dia morrer, á afogado." [p. 25]
"Chama a uma parte de si mesmo de homem; à outra, de lobo, e com isso acredita ter chegado à meta e esgotado assunto. No "homem" encerra tudo que há de espiritual, de sublime ou culto que encontra em si, e no "lobo" tudo o que há de instintivo, de selvagem e caótico." [p. 76]
"Imagine-se um jardim de cem espécies de árvores, com mil variedades de flores, com cem espécies de frutas e outros tantos gêneros de ervas. Pois bem, se o jardineiro que cuida desse jardim não conhecece outra diferenciação botâmica além do "joio" e do "trigo", então não saberá que fazer com nove décimas parte do seu jardim, arrancará as flores mais encantadoras, cortará as árvores mais nobres, ou pelo menos ter-lhes-á ódio e as olhará com maus olhos." [p. 82]
"Olhei para a cara do homem, acheia cena um tanto ridícula, mas lambi como o um cão faminto aquelas migalhas de simpatia, aquelas sobras de calor humano, aquele reconhecimento." [p. 92]
"Sempre vivi em em luta contra a morte, a obstinação absoluta de querer continuar vivo, seja a força motivadora que impulsiona a vida e as atividades de todos os homens." [p. 116]
"Sempre houve pessoas assim, que exigem da vida o que ela tem de mais valioso e não pode conformar-se com sua estupidez e crueldade." [p. 147]
"Sempre foi e será assim: o tempo e o mundo, o dinheiro e o poder pertencem aos mesquinhos e superficiais, e nada coube aos outros, aos verdadeiros homens, nada a não ser a morte." [p, 176]
"Há muitos santos que, a princípio, foram grandes pecadores; o pecado também pode ser um caminho para a santidade, o pecado e o vício." [p. 177]
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"É claro que não posso nem pretendo dizer aos aos meus leitores como devem entender minha história. Que cada um encontre nela aquilo que lhe possa ferir a corda íntima e o que lhe seja de alguma utilidade! Mas eu me sentiria contente se algum desses leitores pudessem perceber que a história do Lobo da Estepe, embora relate enfermidade e crise, não conduz à destruição e a morte, mas, ao contrário, à rendenção," [Posfácio, Hermann Hesse; p. 250]
